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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Discurso da Acadêmica Vicentina dos Santos Vasques Xavier - Cadeira 11

Discurso da candidata Vicentina dos Santos Vasques Xavier, empossada na AELA/MS, em 01/julho/2011, na cadeira 11 - Mardoqueu:

I– Saudação:
Ilustríssimo Senhor:  Doutor Venâncio Josiel dos Santos, Mui Digno Presidente da Academia Evangélica de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul. E, digníssimo Senhor Reginaldo Alves de Araújo, Presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e da Associação de Novos Escritores do Mato Grosso do Sul, nas pessoas de quem cumprimento  as demais autoridades componentes da Mesa Diretiva.
Autoridades civis, militares, e eclesiásticas, presentes ou representadas;
Senhores acadêmicos;
Caros escritores, poetas e artistas em geral;
Colegas empossandos,
Senhoras, senhores, irmãos em Cristo e nossos familiares presentes nesta solenidade, boa-noite!
II - Como candidata à posse na Cadeira 11- Patrono Mardoqueu, represento as vozes femininas – escritoras e poetisas - que serão empossadas nesta noite.
Mardoqueu – patrono da Cadeira 11 da Academia Evangélica de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul -  foi co-autor do livro de Ester.
Mardoqueu era judeu da tribo de Benjamim, o nome de seu pai era Jair, de seu avô Simei, e de seu bisavô era Quis. Além de primo mais velho da rainha Ester, ele era seu pai adotivo. Mardoqueu, assim como outros judeus, foram cativos na Pérsia, logo após a conquista da Babilônia. Mardoqueu era um homem de fé. Logo após  sua prima Ester haver sido desposada pelo rei Assuero, ele descobriu que havia  um plano para assassinar o rei, provocado pelos familiares da deposta rainha Vasti. Mardoqueu contou o plano para sua prima Ester, e a vida do rei foi salva. Com esse ato de lealdade ao rei, Mardoqueu foi nomeado para ser um dos conselheiros do rei.
Tempos depois o conselheiro Mardoqueu e a rainha Ester conseguiram frustrar um plano do general Hamã, primeiro-ministro da Pérsia, que usando de sua influência junto ao rei Assuero, também conhecido como XERXES I, conseguiu que ele assinasse um decreto determinando o extermínio total dos judeus no reino da Pérsia. Mas Ester e Mardoqueu, após muitos contratempos, conseguiram mostrar ao rei Assuero o plano de Hamã para desacreditá-lo perante os outros reinos do mundo. Mais tarde quando Mardoqueu substituiu o general Hamã como primeiro-ministro, recebeu o anel de sinete do próprio rei para selar os documentos do Estado. Ester encarregou Mardoqueu da casa de Hamã, que o rei lhe tinha dado juntamente com outros bens.
Assim, Mardoqueu usou a autorização do rei para emitir uma contra-ordem, concedendo aos judeus os direitos legais de se defenderem de quaisquer ataques.
Com a autorização da rainha Ester, Mardoqueu ordenou a celebração anual  conhecida como "A FESTA DE PURIM": para relembrar os dias destinados ao massacre dos judeus.
Sendo o primeiro-ministro do império persa, Mardoqueu foi muito respeitado pelos judeus, e continuou a trabalhar pelo bem-estar de todos eles, durante todo o tempo em que Ester foi rainha da Pérsia.
O primeiro-ministro Mardoqueu, a rainha Ester e o profeta Esdras escreveram conjuntamente o livro do Velho Testamento intitulado "ESTER".
III - Eu, Vicentina dos Santos Vasques Xavier, cristã comprometida com o reino de Deus, brasileira, casada, mãe e professora, sinto-me privilegiada e altamente responsabilizada ao ocupar a Cadeira de Mardoqueu – aquele que se assentava junto à porta do palácio em favor do rei.
E é com imensa satisfação que começo a fazer parte da Academia Evangélica de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul – uma instituição que já vem produzindo literatura e arte para a glória de Deus!
Passei parte da minha primeira infância nas fazendas do pantanal onde meus pais trabalhavam como empregados – ele como peão, campeiro, agricultor e também desempenhando outros trabalhos pesados e minha mãe fazendo queijo, farinha de mandioca, polvilho entre outras atividades.
Meus pais foram para a cidade de Jardim, neste Estado de Mato Grosso do Sul, por ocasião do meu nascimento por ser eu a primeira das cinco filhas e depois regressaram para suas atividades nos campos e nas roças.
Assim, o meu primeiro contato com as letras foi feito por meu pai que me alfabetizou utilizando-se dos rótulos das latas - de banha, de doce de leite, de sardinha - que utilizávamos como nossos utensílios domésticos. Meu alfabetizar tinha boa condição de letramento e noite após noite contava histórias de onça, que ele caçava de verdade – de sucuri de vinte metros e outros bichos. Não dispunha de nenhum gênero literário, entretanto, me contava e me encantava com seus causos e histórias fantásticas.
Sendo assim, aos nove anos e já totalmente alfabetizada cheguei à escola em Jardim e tive contato com as histórias bíblicas indo à Igreja Batista. E sem conhecer o mar comecei a navegar com Pedro e Jesus sobre altas ondas, torcia por Davi na luta contra Golias e com uma coroa de papel laminado na cabeça eu reinava com Ester. Dessa forma, a paixão pelo ato de escrever surgiu cedo - nos primeiros anos na escola e gostava de escrever “as composições” que a professora solicitava. Até a redação, “Minhas férias”, me fascinava. Cedo entendi que havia certo ritmo nas narrativas, assim como a própria vida que vivíamos nas fazendas do pantanal.
Ao chegar à cidade para estudar, lembro-me da alegria que sentia ao abrir uma estante, repleta de livros e revistas, de uma tia enfermeira. Uma das primeiras leituras que fiz “Como nascem os bebês”, desmistificou para sempre a história da cegonha que trazia os bebês à noite para os pais. 
Entretanto, os anos foram passando, andei uns tempos meio distraída e me afastei das coisas que eu queria. Foi aí que percebi o que estava fazendo e nos últimos anos retomei a minha caminhada. Assim, venho me dedicando a aprender, como meu pai que analisava e preparava minuciosamente a terra para fazer a lavoura da estação, também estou preparando o solo para que a lavoura seja plantada.
Daí que os escritos destes tempos são uma retomada de um caminho que comecei a percorrer na minha tenra infância, na casa dos meus pais, no pantanal sul-mato-grossense. Foi lá que cresci vivenciando histórias fabulosas, engraçadas,  e que  vivê-las  era uma grande aventura. 
Escrevo para reviver um tempo que passou - quem sabe dessa forma eu possa reencontrar um pouco da minha infância. E escrevo, sobretudo, para que outros possam igualmente se verem nas minhas histórias e,  assim, possamos encontrar o verdadeiro significado para nossas existências.
Muito obrigada  e que Deus nos abençoe, sempre!

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